Calcular Preço do Crochê - Quanto Vale seu Crochê

Quanto vale o Crochê ?

Quanto vale o Crochê? Uma pergunta bem simples quando se trata de uma peça confeccionada por você. Mas se a pergunta é feita por outra artesã que deseja vender a peça confeccionada por ela? Eu recebo todas as semanas perguntas assim, de pessoas que estão iniciando no Crochê e até em outros artesanatos e não sabem como cobrar pelo seu serviço. O valor X é caro ou barato? É justo ou estou espantando a cliente?

Confesso que não me sinto confortável em responder já que o preço pelo serviço de uma artesã é algo muito pessoal e próprio de cada trabalho. Mas se eu não responder também é complicado pois a pessoa fica com a ideia que estou fazendo pouco caso ou não me interessei em ajudá-la. No texto abaixo e nos próximos dias vou comentar sobre este tema.

Costumo responder de forma rápida como em uma explicação que fiz na comunidade "Elaine Croche" do Orkut ainda em janeiro de 2009. Digo mais ou menos assim: que o preço a ser cobrado por um trabalho em Crochê depende de muitos fatores. No geral a maioria das pessoas cobra da seguinte maneira: se for um trabalho simples você multiplica o valor do seu custo (linha, lã, botões, elástico, transporte até a loja, etc.) por 3 (três) e se for um trabalho mais complexo (demorado para ser feito) multiplique este valor por 4 (quatro). Desta maneira você tem uma reserva para dar um desconto por quantidade ou se prevenir de alguns contratempos que podem aparecer.

Mas sempre faço a ressalva que nem em todos os casos é assim tão simples. Querem ver um exemplo? A toalhinha de copo-de-leite que já mostrei no blog diversas vezes.


Geralmente tem o corpo em uma cor, os copos-de-leite em outra quase sempre em branco e o pistilo em outra cor que as vezes é a mesma do corpo. Com um novelo você faz o corpo e para a outra cor (ou cores) você vai precisar comprar mais um novelo e até dois conforme a escolha da cliente, mas vai gastar muito pouco destes fios. Infelizmente não há como comprar "meio-novelo". Com isso o custo do material vai dobrar ou triplicar e sobrar bastante do novelo das flores e do pistilo quase inteiro. Estes novelos as vezes você vai guardar por muito tempo por não ter uma utilidade específica. Então seria justo que você cobre por este valor, mesmo que de forma parcial. Nem sempre as clientes entendem isso.

Outro exemplo é a Almofada Zig-zag Arco-íris.


Para sua confecção um cone de barbante é pouco e com dois cones há sobra de material. Diria que é possível fazer com um cone e meio dependendo do tamanho. Mas para o efeito arco-íris (ou degrade) é necessário o uso de no mínimo 5 (cinco) cores. Lá vamos nos com o mesmo dilema, pois vamos comprar material suficiente para fazermos 3 (três) ou mais peças que usaremos para fazer apenas uma... O que fazer com as sobras? Se cobrar todo o material da cliente o preço da peça fica proibitivo, se você assumir este custo seu lucro vai ficar praticamente todo na sobra do material.

É preciso um meio termo onde você diminui um pouco do seu lucro para que o valor da peça não seja fora da realidade e você perca a encomenda. Como é bom ter aquelas sobras de material que nesta hora podem ajudar a resolver este problema.

Há casos que chegam a ser tão complicados que parecem sem solução. Imagine que a cliente pede um barradinho em Crochê numa toalha de rosto ou outra bem pequena. E quer em uma cor que você não tem nenhuma sobra de fio. Você terá de comprar a linha e usar algo em torno de 20 (vinte) % do novelo. Se cobrar apenas o valor proporcional do fio que gastar mesmo que multiplique por 4 (quatro) ainda assim você estaria praticamente “pagando para trabalhar” pois receberia menos que o valor investido no material. E se cobrar o preço do novelo inteiro e multiplicar por 3? Com certeza vai espantar e perder a cliente.

E as vezes você acha que o barradinho vai ser rápido e simples de ser feito e ao invés de 2 horas gasta o dia inteiro.

Posso citar diversos casos em que esta regrinha não funciona, bem como qualquer outra. Sem falar nos contratempos que aparecem pelo caminho.

Já aconteceu comigo e pode acontecer com você também. Fazemos a previsão de gastar em uma peça apenas 1 novelo e falta um pouquinho de fio para terminar o trabalho. Não tem solução, você vai ter que comprar outro novelo e assim o lucro que você teria cai pela metade. Imagine se para complicar no armarinho que você comprou não tem mais a mesma linha (ou lote) e você tem de se deslocar a outra loja mais longe da sua casa e assim aumentam os custos com passagem, gasolina, etc. Em algumas cidades o preço da passagem de ida e volta é mais caro que a própria linha. E se o material tiver sido comprada pela net? Outro novelo significa outro pedido e mais um frete pelos correios.

Percebem todos estes detalhes? Como podem ver acabei não respondendo de forma exata a pergunta inicial deste texto, isso é complicado realmente. Mas pelo menos mostrei com exemplos praticos o porque de não poder responder e exemplifiquei algumas variáveis envolvidas nesta conta.

Cabe a cada uma colocar todos estes detalhes, examinar as particularidades no momento de calcular o orçamento para suas peças de maneira a prevalecer o bom senso. Toda negociação tem de ser boa para quem compra e para quem vende. Lembrando que com o tempo e a experiência isso será feito de forma cada vez melhor.

Outra forma de calcular os preços dos trabalhos em Crochê é através do valor diário do seu serviço.

Você já contratou um profissional que trabalha por diária? Eu tenho uma pessoa que a cada 15 dias vem a minha casa fazer uma faxina completa, eu pago a ela o valor do seu dia de serviço e também da passagem além do almoço. Ela chega as 8 da manhã e as 16 horas já está indo embora.

Você também pode se basear no valor da “sua diária” para calcular os preços das peças que ira confeccionar. Funciona mais ou menos assim, você estabelece um valor que seria o seu dia de serviço e por quantas horas trabalhadas seria este dia. Imagine que você queira receber R$ 50,00 por 10 horas de serviço, estes números escolhi aleatoriamente. Sua hora trabalhada custaria em torno de R$ 5,00. Calcule o tempo que vai gastar na execução das peças e adicione ao valor do custo do material.

Vamos dar um exemplo pratico? Para fazer uma toalhinha de mesa você vai gastar 3 horas de serviço e de material 1 novelo de linha que custa R$ 10,00. Como o valor da minha mão de obra seria de 3 horas a R$ 5,00 cada, o valor total do seu trabalho é de R$ 15,00. Agora some este valor com o custo do material (R$ 10,00) e você teria o valor a ser cobrado de R$ 25,00 pela toalhinha. Este já é o valor final.

Complicado? Nem tanto, o detalhe é você saber calcular o tempo que será gasto na confecção das peças. Isso é algo que somente com a pratica você vai conseguir fazer com precisão e mesmo assim as vezes nos enganamos para mais ou para menos. Para as novatas seria um complicador a mais. Além disso você não fica livre dos problemas que relatei na postagem anterior como ter que comprar um novelo e usar apenas um pouquinho de material e ter de repassar este custo para a sua cliente.

A sobra de material pode ser interpretada de várias maneiras. Algumas pessoas acham que este material é um investimento que você faz para o futuro, pois pode lhe ser útil a qualquer hora. Outras acham que não se pode garantir que será útil e mesmo que venham a ser o custo não compensa este investimento. Eu acredito que as sobras tem sua utilidade mas não é um investimento, mas sim parte do seu lucro. Se a pessoa está começando é um problema a mais pois fica com o seu capital empatado. Acredito que ninguém goste de trabalhar e receber como pagamento sobra de material, as pessoas querem um pagamento que possa ser gasto no que desejar.

Vamos a exemplos práticos:
- Você pegou uma encomenda e entre suas sobras tem grande parte do material e até mesmo todo ele. Assim seu lucro vai ser maior do que esperava ou total no caso de não ter de comprar nenhum fio.
-Você comprou um novelo de linha com 500 metros e gastou uns 20 % apenas. Deixou guardado por um ano e agora apareceu outra encomenda com o mesmo fio e cor. Você fica toda feliz pois finalmente vai usar a sobra e descobre com tristeza que o novelo guardado não pode ser utilizado pois pertence a um lote diferente do que está a venda nos armarinhos atualmente. Lotes diferentes não podem ser usados numa mesma peça sob o risco de perder todo seu trabalho. Há casos em que o fabricante tira do mercado determinadas cores e até mesmo marcas.

Pela minha experiência o 2ª exemplo é mais comum que do que o 1ª, o ideal seria exatamente ao contrário. Eu tenho sobras de material guardadas a anos. Costumo fazer colchas e mantas para aproveitá-las sendo que já foram até objeto de projetos aqui no blog.